Comemorar o Dia Internacional da mulher requer/exige conhecer a história do surgimento desta data, mas sobretudo atuar na defesa dos direitos da mulher, em uma sociedade historicamente patriarcal, machista e preconceituosa. 

Lamentavelmente, presencia-se no Brasil a violação dos direitos da mulher em várias dimensões. As estatísticas são estarrecedoras, o que coloca nosso país na sombria liderança de crimes contra a mulher. 

Dentro da violação destacam-se dois pontos:

1- No mercado de trabalho: mulheres exercendo a mesma função/cargos com remuneração inferior, assédio moral, trabalho insalubre, desrespeitando até a mesmo a mulher gestante e, atualmente, a proposta da Reforma da Previdência que aumentou a idade para a aposentadoria e ignorou a questão da mulher e suas  múltiplas funções: mãe, cuidadora, dona de casa, etc. 

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a probabilidade de uma mulher obter um emprego no mundo é 26% menor que de um homens. Apenas 25% dos cargos de gerentes com filhos menores seis anos são ocupados por mulheres. 

No Brasil, mesmo representando 52,3% da população em idade ativa, as mulheres são apenas 43,3% da população economicamente ativa (PNAD 2014).

A taxa de formalização (com carteira assinada) é mais baixa para as mulheres (71,1%) do que para os homens (76,8%). 

As mulheres ainda ocupam-se mais com o trabalho familiar auxiliar, que é não remunerado e, historicamente, executado pelas mulheres (65% daqueles nesta ocupação no terceiro trimestre de 2014 eram mulheres).

Esses dados colocam o mercado de trabalho como um campo da luta das mulheres e, portanto, pauta para as manifestações do 8 de Março para usar maior igualdade entre os sexos também no mercado de trabalho.

2- O feminicídio: a violência contra a mulher aumenta a cada dia, em uma dimensão grave. 

O relatório da ONG internacional Human Rights Watch divulgado em 17/01 deste ano, revela que há uma epidemia de violência contra a mulher no Brasil e é um dos maiores problemas sociais do país. Atualmente existem mais de 1,2 milhões de casos de agressões contra a mulher pendentes na justiça brasileira. 

A ONG aponta que apesar da Lei Maria da Penha ser uma das mais avançadas no mundo ela simplesmente não é aplicada com eficiência e ainda há os números de abusos não identificados, ou denunciados. Em 2017, 4.539 mulheres foram assassinadas por parceiros. 

Outro agravante é a Rede de Apoio que recebia mulheres e meninas em situação de risco e diminuiu bastante nos últimos anos por falta de investimentos públicos. 

Em 2014 o governo federal utilizou um orçamento de R$ 73 milhões em políticas de combate a violência contra a mulher, contra R$ 3,3 milhões em 2018. Os números revelam que acabar com a violência contra a mulher não está nas prioridades do atual governo.     

Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada duas horas uma mulher é assassinada no Brasil. Números de mortalidade mais alto de países que enfrentam guerras e colapsos sociais violentos. 

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Belo Horizonte
Na intenção de fortalecer a promoção e a defesa do direito da mulher, o Sintibref-MG, no mês de fevereiro tomou posse no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Belo Horizonte, representando também a Nova Central Sindical. É um espaço estratégico de controle social das políticas públicas, onde participaremos efetivamente na elaboração, implementação das políticas de direito para as mulheres.

Seminário Viver Mulher
Outro espaço de discussão e reflexão sobre a situação das mulheres no trabalho, em que o Sintibref-MG atua é o viver mulher, realizado anualmente em diversas cidades do país pela nossa Confederação, Contratuh, e busca fortalecer, ampliar e trazer resoluções para o enfrentamento ao machismo dentro das entidades sindicais. 

Estamos profundamente mobilizados com os direitos da mulher principalmente por nossa categoria ser composta majoritariamente por mulheres. Por isso o espaço das políticas públicas se torna fundamental para o aprimoramento das ações, o que resulta em melhores condições de trabalho das mulheres no nosso segmento.