A CONTRATUH realizou na última sexta (22), em Belo Horizonte, a 18ª edição do Viver Mulher. Aproximadamente 400 pessoas estiveram no auditório do Centro de Convenções do Hotel Dayrell e 600 pessoas marcaram presença on-line por todo país para acompanhar o ciclo de palestras sobre autoestima feminina, direitos trabalhistas, assédio e o tema central, a saúde mental da mulher. O evento contou com apoio da NCST*, do Sintibref-MG e da Fenatibref.

Na abertura do seminário, o presidente da Nova Central, Moacyr Auersvald, comentou que “é um evento muito simbólico porque há 20 anos atrás não se falava tanto em defesa da mulher e com este trabalho passamos pelo Brasil inteiro”. O presidente da Contratuh, Wilson Pereira, reforçou que “estamos aqui para discutir e trazer os ensinamentos dos palestrantes para toda a população brasileira. Estamos sendo visto por milhares de pessoas e é motivo de muita alegria”.

Um dos anfitriões do seminário, o diretor secretário da Contratuh, diretor presidente da Fenatibref e diretor presidente do Sintibref-MG, Geraldo Gonçalves, deu início às palestras falando sobre “Fortalecimento da autoestima”, abordando autoconhecimento e habilidade de reconstruir.  Além disso, Geraldo falou sobre a importância da comunicação entre as mulheres e o sindicato. “Eu diria a vocês que 70% dos nossos representados são mulheres. Nós precisamos saber que tipo de situação vocês têm no trabalho. A força do sindicato está, inclusive, nas sugestões de vocês”.

Consequências legais da agressão às mulheres

Seguindo a programação, a procuradora do trabalho e vice-coordenadora nacional da Coordenação de Igualdade do Ministério Público do Trabalho, Fernanda Barreto Naves, palestrou sobre os “Direitos das mulheres e consequências legais da prática de violência, em ambiente doméstico e do trabalho”. Fernanda apresentou exemplos do que a mulher sofre antes da entrada e durante a permanência no mercado de trabalho, como a discriminação estética.

Outro assunto abordado pela procuradora foi o assédio moral e sexual, com explicação do que fazer nessas situações e com incentivo à denúncia. Ela ressaltou que “às vezes o assédio está disfarçado como elogio, assédio não precisa enconstar para ser assédio sexual”, e afirmou que o Ministério Público do Trabalho existe para garantir a Constituição, a CLT e todos os direitos trabalhistas. 

Assédio no trabalho

Na terceira palestra da tarde, a auditora fiscal do Trabalho, Odete Reis, aprofundou o tema “Assédio moral e sexual no ambiente de trabalho”. Ela exemplificou os tipos de assédio e reforçou que esta é uma conduta que ocorre exclusivamente pela postura do agressor. Odete disse também sobre como o sindicato pode ajudar a combater estes casos. “Se você está em dúvida, chame o sindicato. Converse com as pessoas, faça um pacto e determine o limite”.

Saúde mental

Para encerrar, a doutora neuropsicóloga Ângela Mathylde Soares, ministrou a palestra “Saúde Mental da Mulher”. Em um ambiente tomado pela descontração, a psicóloga explicou os ciclos essenciais para a motivação diária, as reações químicas do cérebro e a busca pela felicidade.  

O evento também contou com a participação de representantes de diversos sindicatos do Brasil.

Representadas destacam o evento como espaço de escuta e aprendizado

 

Pela primeira vez no Viver Mulher, Kassia Cristiane, empregada do Centro Infantil Pupileira Ernani Agrícola, vê o tema como suma importância para os cuidados com as mulheres e  comenta como a saúde mental é fundamental no dia a dia dela. “Se você estiver em uma área nobre e você é preta e coordenadora, você sofre o preconceito de ambas as questões e daí a importância do cuidado com a saúde mental. Cuidado com a terapia, com a rede de apoio, para gente poder dar conta de tudo isso ainda chegar em casa e dar conta da família, né?”.

Integrantes da Cruz Vermelha Brasileira, Carina Barbosa e Bárbara Vitória acreditam que o evento é um momento de fortalecimento feminino. Carina diz que “esse tipo de evento faz com que as pessoas percebam que as coisas mudaram. Então, não é mais aquela mulher que vai aguentar tudo calada, que não vai buscar os seus direitos. É fortalecer mesmo a figura feminina”.

Já Bárbara fala sobre a oportunidade de contato com as entidades. “A gente ouve falar do Ministério Público, do Ministério do Trabalho, dos sindicatos, é saber até onde a gente pode ir e saber a visão também do outro lado. Como é feito esse tratamento pelo Ministério Público e tudo o que a gente pode contar”.

Além do aprendizado, quem participou presencialmente recebeu um kit personalizado do Viver Mulher. As mulheres foram presenteadas com rosas ao final do evento.

Organizadoras celebraram o sucesso do seminário 

 

“O Viver Mulher está alcançando a maioridade”. Assim, a Diretora da Mulher e Gênero e também uma das coordenadoras do evento, Mariazinha Hellmeister, definiu a 18ª edição. 

O evento é um marco para as mulheres na luta sindical. Há 20 anos, a proposta da criação de uma Coordenação da Mulher deu início à trajetória, com o desenvolvimento de palestras e encontros, até que foi criada a Secretaria da Mulher e, posteriormente, a Diretoria da Mulher, abrindo o espaço dentro da Confederação a nível nacional. 

Mariazinha destaca que o Viver Mulher encontra a necessidade de todas as trabalhadoras. “Quando se fala de assédio moral, de violência no trabalho, principalmente de precarização da mão de obra, da desigualdade salarial, isso tudo é para mobilização Viver Mulher. É um combate ao machismo, meio oculto, mas existe, não é? E a gente vai aos poucos, caminhando com medo pelas beiradas, como se diz, né? Num ditado bem popular com pelas beiradas para poder ganhar o mesmo espaço que o homem tem dentro do mundo sindical”.

Presente na organização do evento, a vice-presidente do Sintibref-MG e anfitriã, Jéssica Marques, destacou a importância de ocupar um espaço junto aos diretores administrativos da Contratuh. “Além de ser um prazer, é uma conquista das mulheres, né? Em especial no meu caso, como mulher jovem. A gente demonstrou também o quão grande é a nossa força para trazer as pessoas até aqui, para que a nossa categoria veja o nosso trabalho, não só no ponto de vista trabalhista, jurídico, mas também no âmbito social. Eu tô muito feliz!”.

A Conselheira Fiscal da Fenatibref, Sandra Regina, acredita que o evento demonstra o compromisso da Confederação com a temática. “A gente está com uma gama de trabalhadores em adoecimento e as mulheres estão dentro desse contexto. Falar de saúde mental, autoestima, é de suma importância para que as mulheres busquem autoconhecimento e depois o empoderamento. A gente acha importante, nesse primeiro momento, as palestras, e depois a gente de fato oferecer condições concretas com formação, rodas de conversa e que possa ser multiplicado onde elas estão”.