Na última sexta feira, em Ipatinga, movimentos sociais e sindicatos ligados à educação, saúde e assistência social realizaram uma manifestação frente ao prédio da prefeitura, para sensibilizar a sociedade sobre a falta de repasses financeiros para as instituições, que compromete o atendimento à população e a vida dos empregados, que estão sem receber há dois meses. (veja as fotos da manifestação)

Foram afixadas no gramado dezenas de cruzes que traziam palavras como “dignidade”, “educação“, “ética” e “compromisso”. Expressões, talvez, ha muito enterradas no município.

Os manifestantes, em sua grande maioria mulheres, também lacraram as entradas do prédio da prefeitura, com fitas e se mantiveram nas entradas, a fim de impedir que servidores, secretários e o próprio prefeito entrassem na prefeitura.

Esta manifestação é uma reação aos novos 2 meses de atraso nos repasses de verba da prefeitura para diversos seguimentos. Até a coleta de lixo do município está suspensa por falta de recursos da prefeitura. Pessoas informaram que nas periferias há acúmulo de lixo.                                                

Os empregados das Creches Comunitárias de Ipatinga, revelaram que muitos estão vivendo de cesta básica e com todos compromissos financeiros atrasados.

A coordenadora da Creche Novo Lar do Planlto – 2, Edna, afirma que muitos companheiros estão sem condições de comprar alimentos para suas casas.

 

    

 

 

Além de promover os atrasos, a prefeitura de Ipatinga também impede que as profissionais trabalhem em outras instituições de ensino. É o que afirma a professora Rosalina Dias.

Segundo a professora do Centro Educacional Infantil Leite, Marruani Lazarini. em muitas não há material de limpeza e os pais estão custeado o material didático.

Os impasses começaram em setembro do ano passado, quando a prefeitura reduziu 25% no valor dos convênios com as instituições nos setores da educação, saúde, cultura e assistência social.

“As creches comunitárias não têm recurso próprio, com a redução dos convênios deixaram de pagar FGTS, INSS e atrasar o pagamento dos salários. Em março desse ano, todas as instituições estavam sem condições de trabalhar”. Afirma a Coordenadora do Sintibref-MG no Vale do Aço, Viviane Marques.

Viviane relembra que a categoria realizou no início desse ano uma greve que durou 48 dias e só terminou com a validação da paralização pelo Ministério Público do Trabalho. Após um curto período de repasses regulares, em junho, a prefeitura novamente suspendeu todos os convênios.

“Muitos empregados das creches querem entrar com rescisão indireta do contrato de trabalho. Três das maiores creches de Ipatinga, que estão instaladas em periferias já fecharam suas portas”, relata Viviane.

Suspeitas e investigações

As expectativas de resolução deste impasse não são animadoras. Segundo a Diretora do SIND-UTE, Leida Alves, o município tem dívidas previdenciárias junto a Receita Federal e se recusa a negociar. O que deixa o município carente de recursos do Governo Federal, como o Fundo de Participação do Município, que foi suspenso”, afirma.

Ainda segundo Leida, o Ministério Público Federal, através da Polícia Federal, realiza investigações para identificar má gestão e possíveis desvios dos recursos do FUNDEB em Ipatinga. “Há superfaturamento de material didático para as escolas da rede pública, que também não receberam  verbas para compra de material de limpeza, papel e tinta para as impressoras”, contextualiza.

Polícia agride as manifestantes

A manifestação transcorria tranquilamente, quando homens da Polícia Militar chegaram para forçar a entrada dos funcionários dos bancos instalados no interior da prefeitura.

A atitude da polícia terminou em confusão, três pessoas foram feridas por ataques dos cachorros da PM e retiradas pelo SAMU.

Diante desta situação os empregados das Creches Comunitárias de Ipatinga decidiram em assembleia geral realizada na porta da prefeitura, decretar greve, suspendendo os trabalhos até que a prefeitura de Ipatinga deposite as duas parcelas em atraso dos convênios para o pagamento dos salários da categoria.  

Veja: 


 

Aos pais, resta apoiar os professores de creche 



Muitos pais estão abandonando o emprego para cuidar com filhos. Fabrina Maria Barbosa, mãe de aluna, que saiu do emprego para ficar com a filha, decidiu apoiar os profissionais na manifestação.